ela não aguentava mais. como alguém poderia ser tão carente?
era o trabalho, a faculdade, a vida, a namorada, a mãe, o pai, o cachorro... tudo pra ele era um problema. tudo era transformado em um problema.
ele era pessimista. ele já se sentia errado por ser canhoto. a cicatriz que ele tinha do cotovelo ao seu ombro esquerdo já era uma marca registrada de como ele conseguia ser azarado.
ela tentava ajudá-lo sempre, como sempre fez em todos esses anos que se conheciam.
mas a paciência dela estava acabando. porque era sempre a mesma ladainha.
ele reclamava, ela escutava. ela aconselhava, ele não se conformava. ele rebatia, ela tentava de novo. ela amenizava a situação, ele refletia. ela desistia... ele mudava de assunto.
então ele voltava a ser aquele de anos atrás, que não tinha problema e só se preocupava com as provas da escola - quando se preocupava.

ela se perdia em pensamentos enquanto ele falava.
ela sempre soube.
ele era insuportável, pessimista, chato, drama king e tudo que ela abominava.
mas ele ainda era o menino por quem ela havia se apaixonado.
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