quinta-feira, 30 de setembro de 2010

scars.

eu gosto da dor e das cicatrizes.
mas não aquela dor que você pode controlar... gosto daquela psíquica, onde você não tem acesso.
mas também gosto de feridas expostas e profundas... gosto de mexer nelas.
a cicatrização demora mais.
gosto da dor. gosto das cicatrizes.
mas elas me fazem mal.
quando sinto dor, tenho vontade de me esconder e de dormir, só assim ela não aparece em meus pensamentos.
e gosto de dormir, por saber que de olhos fechados eu não vejo as cicatrizes.

a dor faz eu me sentir viva e a cicatriz é uma comprovação da minha vida.

sábado, 25 de setembro de 2010

just curious.

o vento sussurrava. eu não conseguia entender o que ele estava dizendo, mas sentia medo. junto com suas palavras, vinha o frio.
meu agasalho não esquentava meu corpo. minhas mãos já estavam roxas.
quando eu achava que nada poderia ficar pior, chegou a chuva. ela chegou devagar, como quem não queria nada; estava aproveitando, até. mas ela ficou pior e só faltou um raio cair ao meu lado.
a cena parecia depressiva, mas eu não ligava. não tinha mais esperanças.
continuei sentada, esperando... mesmo não sabendo o quê.
não sei quanto tempo depois a chuva passou. ainda estava tudo nublado e, ao invés de estar tudo calmo, o vento continuava soprando muito forte.
o sol começava a sair. abri meu guarda-chuva. não queria aquele calor, não queria ser esquentada por um astro... que fosse um astro da televisão, então. ou você.
molhada, com frio e segurando um guarda-chuva, decidi ir embora.
só fiquei curiosa com o que o vento queria me dizer.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

tears.


"i don't care... it'll happen, when it have to."
"there is probably one guy out there having fun and wasting his life with all the wrong girls because he never gets the chance to know you."
"'someone is worst than you'... was it to let me happy?"
"i really think you are one of the most adorable person of the world. i'm very happy to have you in my life."
"i'm transparent. i can't lie about my mood."
"when i though 'it is over', it started over and over again."

domingo, 12 de setembro de 2010

don't. don't. don't... do.

era sempre a mesma ladainha.
ela não aguentava mais. como alguém poderia ser tão carente?
era o trabalho, a faculdade, a vida, a namorada, a mãe, o pai, o cachorro... tudo pra ele era um problema. tudo era transformado em um problema.
ele era pessimista. ele já se sentia errado por ser canhoto. a cicatriz que ele tinha do cotovelo ao seu ombro esquerdo já era uma marca registrada de como ele conseguia ser azarado.
ela tentava ajudá-lo sempre, como sempre fez em todos esses anos que se conheciam.
mas a paciência dela estava acabando. porque era sempre a mesma ladainha.
ele reclamava, ela escutava. ela aconselhava, ele não se conformava. ele rebatia, ela tentava de novo. ela amenizava a situação, ele refletia. ela desistia... ele mudava de assunto.
então ele voltava a ser aquele de anos atrás, que não tinha problema e só se preocupava com as provas da escola - quando se preocupava.
ela se perdia em pensamentos enquanto ele falava.
ela sempre soube.
ele era insuportável, pessimista, chato, drama king e tudo que ela abominava.
mas ele ainda era o menino por quem ela havia se apaixonado.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

words.

"você está me incomodando." quatro palavras. vinte e uma letras.
era fácil falar isso, era só mais uma frase... mas a frase nunca passou pelos seus lábios. ela ficou ali, armazenada no seu cérebro.
chegou a respirar fundo para soltar o ar com aquelas palavras... mas não o fez. por mais fácil que fosse, sabia que aquilo acarretaria muitas coisas quando saísse.
todos temos poder e não sabemos. o falar é um poder e nossas palavras são armas. uma palavra errada em um momento errado para uma pessoa errada... e tudo já era.
o medo de falar era grande. preferia guardar, sufocar-se, enloquecer a falar algo por impulso e machucar alguém.
por mais que a frase não fosse tão chocante quanto um "cale a boca!", já que sempre fora uma pessoa calma e sem exaltação, no contexto parecia ser pior que qualquer coisa. mas isso era porque a frase não se resumia a apenas quatro palavras; aquilo era só o início do discurso.
"você está me incomodando. não percebeu ainda que eu não ligo para o que você fala? e não ouse me interromper! suas histórias, seus amigos, você... até o seu jeito de falar está me incomodando e eu costumava amar isso. não, eu não quero escutar. você não é o único que tem problemas. olhe ao seu redor; o centro do mundo não está aí, no seu umbigo. não são todas as pessoas que se importam com você, não finja que se importa com todo mundo. as pessoas mentem... ah, é, como se você não soubesse disso. por que mentir? por que não viver? seus pés precisam voltar a tocar o chão. por mais que sua cabeça esteja aí no seu pescoço, vejo que isso é só figurado. seus pensamentos estão mais altos que os voos que passam acima das nuvens. sua vida pode ser um livro aberto, mas não são todas as pessoas que sabem e/ou querem ler. parabéns, você realmente conseguiu me irritar." e com isso, passaria pela porta, batendo-a, enquanto chorava descendo as escadas.
falaria o que precisava. gritaria livrando sua garganta. correria para se sentir livre.
mas apenas chorou com a frase ainda na cabeça até perceber que nada daquilo fazia sentido.
a mão que costumava segurar a sua, acariciou seu rosto, retirando as lágrimas que ali apareciam.
"o que está acontecendo?" a voz que cantava ao pé do seu ouvido perguntou com um forte tom de preocupação.
"nada..." fora a resposta dada. do contrário, explodiria com o seu discurso, acabando em sua cama, no meio dos cobertores e chorando.
"você tem certeza?"
"não." lágrimas continuavam caindo em sua face. mas isso era esperado. não as lágrimas, e sim o seu jeito de não falar nada e sofrer pelos outros. fazia parte de sua personalidade pensar duas, três, cinco vezes antes de falar e magoar qualquer um.
até quando isso aconteceria? mentiras, fingimentos, palavras machucando... respirou fundo.
"vou dormir."
"boa noite, meu amor." aqueles lábios bem desenhados supiraram aquelas palavras com tanta ternura que a pessoa que estava sendo beijada por eles quase acreditou.
"eu gostaria de saber o que é o amor." este foi o último pensamento, antes de lágrimas voltarem aos seus olhos. mãos passeavam por seu cabelo, enquanto uma música baixa ao fundo era escutada.
sua cabeça tornou-se pesada, para logo em seguida ficar leve, indicando que o sono havia vencido contra os seus pensamentos.

sábado, 4 de setembro de 2010

fairytale?

uma saída. uns amigos. umas risadas.
beijos, abraços, carinho, sorrisos.
a vida é tão fácil, tão simples e tão gostosa de ser vivida, de ser contemplada.
não falo que é uma pena não ser assim sempre, porque não é.
afinal, essa é a vida real e não um conto de fadas.