sábado, 30 de maio de 2009

it was different this time;

Há mais de 80 dias, eu estava numa fila para comprar um ingresso de outro show da minha banda preferida. E tudo já começou com fome, chuva e risadas. Quase um mês depois, eu fui comprar o ingresso para o show extra. Foi estranho sair do carro, ir direto ao caixa e logo depois voltar para casa.
Os dias foram passando e eu não estava tão ansiosa para tudo isso; foi diferente dessa vez.
Já era quarta-feira, dia 27, e eu ainda não tinha certeza absoluta de como chegaria ao local. Até que, entre várias dessas amizades de internet, eu arranjei uma carona com a Scarlete. Eram 08h15m quando chegamos à fila, e ela já estava quase dando a volta no quarteirão, e isso porque a May guardou lugar pra gente. O tempo parecia não passar, mas não deixamos o desânimo nos apossar. Duas voltas completas no quarteirão, atrás de outras betas, e ainda assim andávamos de um lado para o outro na fila. Um joguinho de cartas pra ver se o tempo passava, a fome, a vontade de usar um banheiro... Era tudo um teste. Para melhorar, logo surgiu uma chuva. E com a chuva, uma correria. Algumas pessoas já estavam na fila há dias - com cabanas, cobertores, colchões infláveis, cadeiras... -, mas ninguém se preveniu da chuva. Quando ela começou (de uma vez só), as pessoas começaram a arrumar suas coisas, e aí abriram espaço na fila. E começou uma correria pra pode preencher esse espaço vago. Não passavam dois carros de uma vez na rua, pois a multidão tomou conta da rua. Uma coca-cola de 2L praticamente cheia e comidas, foram deixadas para trás. Eu, que estava do outro lado do quarteirão, cheguei à esquina da casa do show. Ainda eram 15h. Não dava pra sentar, tanto por causa do tanto de pessoas que estavam ao nosso redor, quanto pela correria; não sabíamos quando iria começar novamente. Minha mãe havia chego. Desde às 15h até entrar à casa, eu fiquei em pé. A dor já estava em metade do meu corpo; minhas pernas já doíam o suficiente para qualquer coisa que eu fizesse. Até que conseguimos entrar.
O show da Cine, que tanto queria ver, foi animado e eu já estava sem voz naquele momento. Meu lugar, como nos outros dois shows, fora do lado esquerdo, à frente do Tom. Foi dali que eu filme mais da metade do show. Eu não chorei como eu queria, eu não cantei como eu queria. Concentrei-me em filmar e capturar tudo o que eu queria para rever quantas vezes eu quisesse depois. Dezesseis músicas depois, e o show acabou.
Meu chuveiro e minha cama pareciam tão convidativos que não tive como falar não pra eles. Me senti extremamente acolhida nos dois.
No show extra, não havia muitas opções para ir para lá. Então, com a cara e a coragem fui. Eram 07h quando eu acordei, me arrumei e peguei o ônibus. Às 08h, lá estava eu: na fila e sozinha. Como ser humano que sou, comecei a conversar com as meninas ao meu redor - nosso instinto nessas horas fala mais alto, é a nossa sobrevivência dando sinais. As horas pareciam voar. Logo a fome estava dando seu sinal de vida, o cansaço estava demasiado, mas eu iria suportar. A chuva não fora tão forte como a do dia anterior, mas nada nos impediu de ficar ali. Um tempo depois, a Lígia e a Camila apareceram. A conversa, as risadas, as brincadeiras... Só ajudaram a passar ainda mais rápido o tempo. Depois de um tempo, lá estávamos nós fazendo uma fila porque os portões foram abertos. Passamos juntas. E lá fui eu para o lado do Tom, novamente. Estava muito mais próxima do que o show passado; era o primeiro degrau logo depois da pista. Eu estava sozinha. Totalmente. O show do Cine começou e decidi que iria me soltar; não queria saber se machucaria alguém, se me machucaria, não queria lembrar de nada... Só queria aproveitar o momento que eu teria ali naquelas próximas horas.
Logo aconteceu novamente, e as dezesseis músicas foram tocadas.
Foi ali que eu percebi que não tinha mais como vê-los novamente ao vivo. Agora era só no próximo show.

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